30 novembro 2009
25 novembro 2009
chuva ou

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é chuva?
é chuva sim. calma. constante.
da que penetra a Terra e fertiliza
chuva da cor de lágrimas sem sal
de quando as almas choram em uníssono
desenbargando as palavras que calavam
do silêncio ela sabe e do choro guardado
das palavras sem som sabe também
e da terra ou o seu corpo esventrado
e depois desertado
como o de um animal que os predadores
abandonaram saciados
e ainda estremece ansiando a morte. total.
agora chove. sem perigo de inundar
chove-lhe sobre o rosto levantado
para aquele céu de almas a chorar
no Outono parte da vida apodrece para voltar a nascer
reciclada
assim seja pois com as partes do seu corpo
espalhadas
apodreçam unidas num passado
em nenhuma Primavera que vier ela as quer re-encontrar
para que não lhe doa mais o ventre
a dentes de carnívoro, trocidado
quando ainda tremia fremia de vida.
por amar!
madalena pestana (aka - magda montemor)
uma frase do começo de...nada
20 novembro 2009
re - introdução

woman rising - Jo Robinson Art
Ai miserável de mim e infeliz!
Apurar, ó céus, pretendo,
já que me tratais assim,
que delito cometi
contra vós outros, nascendo;
que, se nasci, já entendo
qual delito hei cometido:
bastante causa há servido
vossa justiça e rigor,
pois que o delito maior
do homem é ter nascido.
E só quisera saber,
para apurar males meus
deixando de parte, ó céus,
o delito de nascer,
em que vos pude ofender
por me castigardes mais?
Não nasceram os demais?
Pois se eles também nasceram,
que privilégios tiveram
como eu não gozei jamais?
Nasce a ave, e com as graças
que lhe dão beleza suma,
apenas é flor de pluma,
ou ramalhete com asas,
quando as etéreas plagas
corta com velocidade,
negando-se à piedade
do ninho que deixa em calma:
só eu, que tenho mais alma,
tenho menos liberdade?
Nasce a fera, e com a pele
que desenham manchas belas,
apenas signo é de estrelas
graças ao douto pincel,
quando atrevida e cruel,
a humana necessidade
lhe ensina a ter crueldade,
monstro de seu labirinto:
só eu, com melhor instinto,
tenho menos liberdade?
Nasce o peixe, e não respira,
aborto de ovas e lamas,
e apenas baixel de escamas
por sobre as ondas se mira,
quando a toda a parte gira,
num medir da imensidade
co'a tanta capacidade
que lhe dá o centro frio:
só eu, com mais alvedrio,
tenho menos liberdade?
Nasce o arroio, uma cobra
que entre as flores se desata,
e apenas, serpe de prata,
por entre as flores se desdobra,
já, cantor, celebra a obrada natura em piedade
que lhe dá a majestade
do campo aberto à descida:
só eu que tenho mais vida,
tenho menos liberdade?
Em chegando a esta paixão
um vulcão, um Etna feito,
quisera arrancar do peito
pedaços do coração.
Que lei, justiça, ou razão,
nega aos homens - ó céu grave!
privilégio tão suave,
exceção tão principal,
que Deus a deu a um cristal,
ao peixe, à fera, e a uma ave?"
MONÓLOGO DE SEGISMUNDO
(LA VIDA ES SUEÑO, Ato I, Cena I) de Pedro Calderón de la Barca
19 novembro 2009
09 novembro 2009
Ode aos Amigos
Porque há amigos e eu posso confirmar
Porque há Paz dentro a nós e hei-de recuperá-la
Porque há um riso em mim ainda por soltar
Porque há água a correr baixo a cada ponte
Porque te espero a ti e sei que hás-de chegar
Por tudo isso é que ainda ando a monte
Perdida entre o que sou e o por achar
Fugida da vida-morte oferecida
Por quem Devia agradecer e amar
___*___
mas afinal ____ é disto que hoje é feita a nossa vida
a Vida. a Outra. alguém há-de encontrar
a Ponte. Aquela ponte - sobre o Rio no deserto
que cada um de nós é. sem conhecer
essa só os Amigos hão-de saber Ser
e há-de salvar-nos seja aonde for.