10 fevereiro 2010


image by John Sheppard

este cansaço de ter a morte no colo. embalá-la, embalá-la
como a uma irmã doente que não tem força para andar
um cansaço feito de aço. todo raiva silenciada
mas a morte... a morte é ela. só ela pode matar.

pois que me dê ela colo. me leve rapidamente
para onde não haja dor. essa dor de se ser gente
olhar em volta e só ver rostos de pressa vazia
corpos dados sem amor. velhos na lenta agonia
de estar vivos por favor
quer do estado ou da família ou atirados pela rua
mas fora do contentor.


embalo a morte no colo mas até quando consigo
não partir para a aventura de saltarmos, ela e eu
para o ar limpo que vai do penhasco até ao mar?
e não nos cansarmos mais.

4 comentários:

  1. Quando se entra neste espaço, existe sempre algo que me deixa nostálgico e com poucas palavras por dizer.
    Não que o que leio não tenha que comentar, mas ao absorver o que aqui é colocado, as palavras fogem-me da ponta dos dedos.
    Soberbo, é o que me ocorre.

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  2. Tantas as vezes que existe essa vontade. A morte apenas é má para quem não a quer

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  3. Julgo que o pequeno sol tímido
    tenha apagado algumas das gotas
    do rosto.
    Bjs

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