Mostrar mensagens com a etiqueta amor. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta amor. Mostrar todas as mensagens

06 fevereiro 2010

Não te lamento a morte Nuno , agradeço-te a Vida.



colagem simples de MP
mas com direitos reservados

..................................................................................

" Uma noite, ao jantar, começou a ouvir-se um ruído raspado pela chaminé abaixo, e quando todos se tinham calado a olhar para o fogão apagado, um melro entrou e pousou na lage, em frente ao fogão. E ele olhou para toda a gente, com a comprida cauda a pulsar de espanto, após o que, borrou-se. Uma das minhas tias gritou que aquilo era um aviso do Destino, mas o melro levantou vôo e começou a bater nas paredes e cortinas e às vezes atravessava a sala de jantar de lés-a-lés, voando curvilíneamente de forma que passava junto às cabeças de todos, e havia gritos.

Um primo de cabelos brancos e bochechas muito encarnadas levantou-se e disse que ia caçar o melro. Eu só percebi que este estava muito pouco contente e que só queria sair de uma casa onde nunca tinha querido entrar, para começar. Esse primo de cabelos brancos não vivia connosco mas viera jantar nessa noite. Ele agarrou numa almofada de veludo rôxo e atirou-a ao melro, que caiu embrulhado na almofada que era muito mole, resvalando o conjunto por uma parede abaixo. Então eu peguei numa romã e arremessei-a com toda a força à cabeça encarnada e branca desse primo que não vivia connosco e se chamava Jaime.

Estava tudo a olhar para o melro e por isso eu pensei que não me vissem. Mas uma criada que entrava observou o meu gesto, e fui imediatamente empurrado até ao quarto. Bateram-me bastante, nos dois lados da cara, e nunca cheguei a saber o que finalmente aconteceu àquele pássaro."

......................................................................

In I painel - "A noite e o Riso" de Nuno Bragança

(1929-1985)

31 dezembro 2009

última voz em 2009

Sun_Stroke_by_MagdaMontemor.


eram cavalos. no sonho. cavalos de correr. desses de amar

eram cavalos soltos livres sãos. cavalos despenteados pelo vento

cavalos incapazes de parar

eram cavalos. não no sonho, de sonho. eram cavalos de ninguém domar!


eram. eram. eram. tão passado!


eram cavalos de nunca te pisar em correria de fuga

se assim fosse.

eram cavalos. dignos do nome da raça. Lusitanos e para continuar.


parto. não em desespero. só sem esperança.

parece o mesmo? eu sei, mas luto pela diferença.




quando o Amor se acaba nesta vida

inventa-se uma Crença!






( aos meus filhos, neste ano que passa. passará? para muitos com certeza. outros ficarão a sentir os cascos, dos cavalos a pisar-lhes, sem piedade, a já... fin-da-cabeça)

15 setembro 2009

fotografando

image by MagdaMontemor

passando na rua. óculos escuros.

simples coisa de quem não quer ser visto

só olhar

vi sem ver uma mancha numa parede suja a tempo. vi.

voltei atrás. óculos escuros em riste

era um homem. seguramente era. a mancha na parede tinha volume

um volume difícil. de tão triste.

sem nenhum desrespeito disparei. instante registado


e agora. dona disso. dessa dor.

- fujo dela como? para que lado?